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PARTE DA ENTREVISTA DA SENHORA PRESIDENTE DA ASF (AUTORIDADE DE SUPERVISÃO DOS SEGUROS E FUNDOS DE PENSÕES) AO JORNAL NEGÓCIOS, SOBRE SUSTENTABILIDADE, PUBLICADA EM 31/01/2024.

 

Destacamos o seguinte: A sustentbilidade da Segurança Social preocupa-a? Será sempre preocupante. A Preocupação é assugurarmos que não deixamos para as gerações seguintes desequilibrios que se vão repercurtir de uma forma mais severa nas suas vidas. Encontrar um equilibrio entre o que precisamos de ter hoje e o que temos de assegurar amanhã é o grande desafio, sobretudo num contexto de envelhecimento. Temos de nos ir adaptando , não só por causa do envelhecimento, mas também por fenómenos como o digital. As empresas hoje não funcionam só com trabalho intenso, também atuam muito à base de tecnologias. Temos de tentar perceber como é que as tecnologias devem contribuir para esta sustentabilidade. Portugal é dos países com maior risco climático. Os portugueses têm de se preparar para seguros mais caros? Isto é um pau de dois gumes, como se costuma dizer. Em primeiro lugar, temos um problema de “protection gap”.

Na verdade, não temos suficiente oferta de cobertura seguradora para fazer face aos riscos ambientais. Isso significa que as seguradoras têm margem para oferecer novos produtos? Têm margem para oferecer novos produtos, mas há um problema também de acesso ao produto em termos de preço e de gestão de risco. É tudo uma questão de preços. Os produtos não aparecem porque os portugueses não têm poder de compra para eles? Há um problema de preço, mas também de desenho da cobertura . Portugal não tem uma cultura de risco. O seguro é uma proteção financeira, mas nós também devemos agir sobre a magnitude dos danos provocados por um evento castastrófico. Finalmente, estes riscos catastróficos são severos e estão a acontecer até com mais frequência. Não abrangem uma, duas ou três pessoas, mas uma comunidade ou um território. O que tem sido seguido em muitos países é a criação de instrumentos colectivos de proteção financeira, fundos financiados para segurar riscos catastróficos. Que tipo de fundo seria esse? A ASF foi mandatada pelo Governo para apresentar uma solução para a criação do fundo sísmico. Vai ser financiado por contratos de seguro com uma finalidade específica. Há uma acumulação de capital, uma preparação para acorrer a um evento catastrófico. Os números que temos apontam que apenas 16% do edificado habitacional tem um seguro sísmico. Se calhar, se o seguro fosse obrigatório, não teríamos tanto este problema. Uma área que tem dado um grande crescimento é a dos seguros de saúde. Que papel a Autoridade de supervisão pode ter aqui? Temos um programa em curso porque percebemos que havia um movimento de crescimento de seguros de saúde. Criamos um observatório dos seguros de saúde, que fornece informação clara e transparente sobre as variáveis e fatores que determinam os custos e os benefícios dos seguros de saúde. E vamos tomar a iniciativa de criar padrões de seguros de saúde para permitir comparar os preços face às coberturas oferecidas. Hoje é praticamente impossível a um cidadão comparar o seguro de saúde da empresa A com o B ou C. Com estes seguros padrão há muito mais transparência. Vai permitir comparar e que o mercado se acerte em termos de preços e de serviços que estão acoplados.